Por Clóvis Gonçalves
No fim das contas, Usain Bolt era humano. A expectativa por um grand finale na carreira do velocista mais vencedor de todos os tempos fez com que os holofotes ignorassem a ameaça que se desenhava. Enquanto o jamaicano se despedia, um velho conhecido apresentava suas credenciais como o maior estraga-prazeres do Mundial de Londres. Vaiado todas as vezes que pisou na pista do Estádio Olímpico de Londres, Justin Gatlin foi comendo pelas beiradas sem alardes. Quando chegou a hora, mais uma vez ignorou o público para voar na pista. Deu o troco por Pequim, quando levou a prata por apenas um centésimo. Cravou 9s92, sua melhor marca na temporada e sagrou-se bicampeão mundial dos 100m. O título anterior foi conquistado há 12 anos, em Helsinque 2005. Aos 35 anos, Gatlin agora é o mais velho a levar o ouro da prova mais rápida do atletismo.
Após fazer sinal de silêncio para a torcida, Gatlin reverenciou Bolt. O jamaicano, que largou muito mal e foi incapaz de se recuperar mesmo fazendo seu melhor tempo no ano (9s95), terminou em terceiro lugar. A medalha de prata foi para o novato Christian Coleman, selando a dobradinha americana com 9s94.Após a prova, Gatlin minimizou as vaias e fez questão de exaltar novamente Usain Bolt. - Eu procurei não focar nas vaias. Eu estava focado no que tinha que fazer. Acho que as vaias vêm por eu ser o rival de Usain. Não tive vaias em 2010, em 2011, em 2012, aqui, em 2013, 2014 ou 2015... A noite é de Usain. Ele é o cara. Me inspira a ser um competidor mais forte e rápido. Eu desejava todos os anos a ser o seu principal rival. Desenvolvemos um grande respeito entre nós. Muitas pessoas da mídia pensam que nos odiamos, mas na verdade, é o oposto. Nós fazemos piadas, vamos a festas juntos. Não tenho nada que não seja muito respeito por ele. Mesmo sendo mais velho, ele é uma grande inspiração para mim - disse Gatlin.(VozdaBahia)

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